Devido às características de identidade de gênero masculino ou feminino, alguns comportamentos compulsivos são mais notáveis em homens e outros em mulheres. As mulheres, devido à valorização social de uma identidade feminina “romântica”, mostrar-se-ão mais compulsivas quando sexo se associa a amor e paixão, menos genitalizado. Em São Paulo, vislumbrando esta condição criou-se o MADA – Mulheres que Amam Demais Anônimas.
A compulsividade sexual feminina associa-se mais a situações de amor e assim, passa mais desapercebida enquanto compulsão sexual. O comportamento social feminino não permite que a mulher se exponha apenas nos conteúdos sexuais de sua compulsão, assimilando o “amor”, e isto não é amor (parodiando o livro mais famoso da década sobre o assunto…).
Alguns pontos para considerarmos relacionados ao comportamento sexual compulsivo, baseados nos pontos utilizados pelo DASA – Dependentes de Amor e Sexo Anônimos, a quem consideramos em alta estima e cuja atividade valorizamos:
Vaginismo provoca contração involuntária dos músculos e impede qualquer penetração.
Exercícios e psicoterapia ajudam paciente a retomar controle sobre o próprio corpo.
Reinaldo José Lopes
Do G1, em São Paulo
Entre 2% e 6% de todas as mulheres adultas são literalmente incapazes de consumar o ato sexual com seus parceiros. E as restrições que sofrem vão além20 disso: mal conseguem ser examinadas por um ginecologista ou mesmo tocar internamente sua genitália. A condição é conhecida como vaginismo — uma contração involuntária dos músculos que impede totalmente qualquer forma de penetração.
Na tentativa de esclarecer as dificuldades ligadas ao problema, os psicólogos e psicoterapeutas sexuais Fátima Protti e Oswaldo M. Rodrigues Jr. estão lançando o livro “Vaginismo, quem cala nem sempre consente” (Editora 24×7). “Queremos atingir dois públicos: as mulheres, que muitas vezes nem sabem definir o problema, e os profissionais de saúde, muitos dos quais aparentemente não estão preparados para lidar com ele”, declarou Rodrigues ao G1.
Segundo o psicólogo, que trabalha no Instituto Paulista de Sexualidade e é membro do conselho consultivo da Associação Mundial de Saúde Sexual, é comum que as pacientes visitem uma fieira de ginecologistas, sem encontrar tratamento adequado. “É o caso de uma paciente nossa, recém-casada. Ela e o marido se mantiveram virgens por motivos religiosos. Os ginecologistas se limitavam a aconselhar que ela passasse lubrificante, quando o problema não é lubrificação — aliás, até o marido dizia que ela tinha excesso de lubrificação, na verdade”, conta Rodrigues Jr.
Mitos derrubados
O problema tampouco tem a ver com falta de desejo sexual ou trauma relacionado a abusos, diz o psicólogo. “Apenas uma minoria muito pequena das mulheres com vaginismo sofreu abusos. E elas têm libido, conseguem atingir o orgasmo e gostam das brincadeiras sexuais que antecedem a penetração”, afirma ele. O mais provável, diz ele, é que alguma situação inconsciente esteja impedindo o relaxamento normal dos músculos que permite o intercurso sexual. Há também uma minoria de casos ligados a causas físicas, como infecções genitais.
“É uma falta de controle sobre o próprio corpo”, resume Rodrigues Jr. O problema é tão severo que nenhum objeto, nem mesmo um absorvente interno, é passível de ser introduzido em pacientes com vaginismo. Alguns casais podem conviver com a situação por anos, até o momento em que decidem ter filhos. “E, embora a porcentagem de mulheres afetadas seja pequena, o número absoluto é enorme.”
Para o especialista, a situação é agravada pela abordagem equivocada de alguns médicos, que podem tratar o problema como algo puramente físico. “Há os que sugerem que a paciente beba alguma coisa para relaxar, ou então até aplique analgésico na região vaginal. São estratégias que simplesmente não resolvem. E a culpa tende a ser atribuída à mulher, como se ela quisesse impedir que o marido fizesse sexo com ela”, conta.
Autoconsciência
Segundo Rodrigues Jr., no entanto, é possível acabar com o reflexo muscular que gera o vaginismo com quase 100% de sucesso. “Existem exercícios que levam a paciente a ter consciência de sua região pélvica e associar o relaxamento dela ao ato sexual. Não adianta simplesmente dizer à mulher que ela precisa relaxar”, ressalta. No entanto, o mais importante, de acordo com ele, é tratar o casal em conjunto por meio de psicoterapia, de maneira que ambos trabalhem para resolver o problema.
“É difícil dizer quanto tempo isso leva — alguns casais podem precisar de seis meses, outros de um ano”, diz o psicólogo.
Fonte: G1 – Ciência e Saúde – Notícias
Problema pouco conhecido torna até 6% das mulheres incapazes de fazer sexo
Como se explica a insatisfação sexual do brasileiro se ele aparece entre os povos mais ativos sexualmente?
Somos orgulhosos de ser uma nação sexualizada. Crescemos com esse discurso, ouvindo a professora dizer que este País nasceu sendo habitado por ingênuos indígenas que andavam sem roupa o dia todo. E lembre que ela dizia isso com muito orgulho! Na Europa a América foi muito associada à ideia de paraíso. Basta lembrar que, há pouco tempo, uma pesquisa mostrou que os estrangeiros viam o Brasil como um dos lugares onde era mais fácil conseguir uma relação sexual. Para a população, contudo, a vida sexual é quase um medidor de status, algo usado para contar vantagem. Sendo assim, a quantidade passa a valer mais do que a qualidade, o que ajuda a explicar essa insatisfação. No meu consultório, atendo gente que sente vergonha até em comprar livros sobre o sexo para melhorar o desempenho. Quando vai folhear a obra, fica olhando para os lados para ver se há alguém por perto.
O Brasil tem maioria católica e a Igreja, por sua vez, condena todo sexo que não se destine à procriação. Isso explica as dificuldades em abordar o assunto?
São duas questões. Uma delas se refere à falta de educação para os componentes emocionais do sexo. O diretor da escola não quer meninas grávidas, nem alunos doentes. Mas pouca gente se dedica à educação emocional dos adolescentes. A pesquisa em questão mostrou que a satisfação sexual não está atrelada, por exemplo, à estética do parceiro. Falta afetividade. No posto de saúde, encontra-se camisinha, mas ninguém diz o que fazer para melhorar a vida sexual. A segunda questão envolve a saúde física. Necessárias discussões em torno da aids e DSTs fizeram com que o prazer a satisfação ficassem em segundo plano.
© 2019 Psic. Oswaldo M. Rodrigues Jr. CRP 06/20610
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