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Mulheres que Amam Demais

Devido às características de identidade de gênero masculino ou feminino, alguns comportamentos compulsivos são mais notáveis em homens e outros em mulheres. As mulheres, devido à valorização social de uma identidade feminina “romântica”, mostrar-se-ão mais compulsivas quando sexo se associa a amor e paixão, menos genitalizado. Em São Paulo, vislumbrando esta condição criou-se o MADA – Mulheres que Amam Demais Anônimas.

A compulsividade sexual feminina associa-se mais a situações de amor e assim, passa mais desapercebida enquanto compulsão sexual. O comportamento social feminino não permite que a mulher se exponha apenas nos conteúdos sexuais de sua compulsão, assimilando o “amor”, e isto não é amor (parodiando o livro mais famoso da década sobre o assunto…).

Alguns pontos para considerarmos relacionados ao comportamento sexual compulsivo, baseados nos pontos utilizados pelo DASA – Dependentes de Amor e Sexo Anônimos, a quem consideramos em alta estima e cuja atividade valorizamos:

  1. Você se acha incapaz de deixar de ver uma pessoa específica, mesmo sabendo que encontrá-la é destrutivo para você? Trata-se de um comportamento irracional, este autodestrutivo. Muitas pessoas defendem-se afirmando estarem apaixonadas, mas o que tem em verdade é a compulsão, uma sensação forte contra a qual é incapaz de lutar e que irracionalmente buscará justificar de todas as maneiras. A autodestruição aparenta ser mais importante do que a construção de relacionamentos que tragam, além da satisfação sexual, o bem estar social e pessoal.
  2. Você faz ou fez sexo com alguém com quem não queria fazer? Sexo é resultado de desejo sexual. Fazer sexo sem vontade de fazê-lo torna-se uma forma de autodestruir-se, é irracional e não deverá trazer prazer à pessoa. Nossa cultura faz apologia de vários momentos de sexo sem desejo, a exemplo de muitas mulheres que acatam fazer sexo porque o marido assim o deseja ou porque é assim mesmo que as coisas são…
  3. Você já sentiu que tinha que fazer sexo? Muitas mulheres podem Ter passado por tal situação. O namorado pedia e pedia, porque queria e ela acede porque parece “certo”, tem que ser assim, torna-se obrigação fazer sexo. Quando a outra pessoa reclama pela falta de sexo e então vem uma sensação que não fazer sexo é como uma quebra de contrato. Muitas vezes o casamento, enquanto instituição social, traz esta obrigação facilitando o caminho do desenvolvimento de comportamentos sem controle e desassociados do desejo sexual, associando-o à diminuição das ansiedades.
  4. Você tem uma lista, escrita ou não, dos parceiros sexuais que teve? Pessoas compulsivas tendem a ser mais “organizadas” que as outras. A construção de uma lista de parcerias sexuais é uma maneira de expressão dos comportamentos compulsivos. Isto não significa, que isoladamente, fazer uma lista das pessoas com quem nos relacionamentos no passado nos torne compulsivos… Mas este é um sintoma expressivo das condições psicológicas.
  5. Você perdeu a conta dos parceiros sexuais que teve? A totalidade das prostitutas não deve conseguir manter a conta ou lembrarem-se das pessoas com quem fizeram sexo, e isto não faz delas compulsivas sexuais. Mas termos experiências sexuais com um número de pessoas de quem já não nos lembramos nos faz crer que elas não tiveram importância em nosso trajeto de vida, não ficaram marcadas em nossa memória… Este é um aspecto da identidade masculina muito comum e considerada normal pelos homens em nossa cultura…
  6. Você faz ou fez sexo apesar das conseqüências (o risco de ser descoberta, ou contrair gonorréia ou AIDS?) Muitas pessoas ainda fazem sexo de modo irracional, não se importando com as conseqüências. Um exemplo são moças que não se incomodam em engravidarem (talvez até o desejem, mesmo conhecendo que não terão como cuidar da criança, não terem emprego, não terem como sustentar-se…). Homens que se justificam “fazer sexo com camisinha é igual chupar bala com papel”… A ansiedade conduz a fazer sexo, sem que qualquer atitude racional seja guia do comportamento.
  7. Você sente que seu único (ou principal) valor num relacionamento é seu desempenho sexual ou habilidade para dar apoio emocional? Uma grande parte dos homens sobrevaloriza o desempenho sexual, assunto preferido das rodinhas masculinas, onde quem conta mais vantagens sente-se superior aos outros. Um relacionamento também tem limites e dificuldades que precisam ser superadas. Um comportamento compulsivo não permite administrar estes limites, produzindo mais problemas de ordem sexual. Novamente, temos a cultura favorecendo o desenvolvimento de comportamento sexual compulsivo, apenas necessitando de uma mão da própria pessoa em não perceber suas limitações e justificar-se valorativamente de modo irracional.
  8. Você já ameaçou sua estabilidade financeira ou posição na sociedade ao manter um parceiro sexual? A busca de sexo de modo compulsivo pode atrapalhar as atividades de trabalho conduzindo a dificuldades financeiras por competir com trabalho. Saídas em meio ao expediente, especialmente quando em horários não compatíveis ou em meio a importantes atividades são atitudes que desenvolvem-se exponencialmente nas pessoas com tendências a comportamentos compulsivos.
  9. Você está com dificuldades de se concentrar em outras áreas de sua vida por causa de pensamentos ou sentimentos relacionados a alguém ou sexo? Quando pensamentos automáticos compulsivos sobre sexo e emoções ocorrem, muito pouco tempo interno sobrevive no espaço mental de uma pessoa. Assim todas as outras áreas são desprezadas e aqueles pensamentos não permitem que se disponha de tempo para organizarem-se as outra áreas do cotidiano. A família, estudos, religião, amigos, vida social, lazer, esportes, saúde… tudo fica em segundo lugar, desprezado e sem chances de execução no cotidiano.
  10. Você já desejou poder parar ou controlar suas atividades amorosas e sexuais por um determinado período de tempo? Já desejou ser menos dependente emocionalmente? A condição de dependência é uma dos aspectos da compulsão. Não conseguir determinar com quem se pode fazer sexo ou com quem se pode viver, colocando-se na condição de dependência, de condicional, faz da pessoa escrava de seus relacionamentos e não decidindo sobre o que fazer, quando e com quem… O amor, tão valorizado em nossa cultura de Romeu e Julieta, muitas vezes é a expressão da compulsão, onde a dependência se instala e a pessoa (geralmente mulher) sofre ao longo de meses e anos, sempre colocando a culpa na outra pessoa que não lhe dá atenção…
  11. Você sente que sua vida está ingovernável por causa de seu comportamento sexual e/ou amoroso por de suas excessivas necessidades dependentes? Um fator muito importante na vida individual das pessoas é a construção de um projeto de vida que conduza os comportamentos e nos leve a poder vivermos muitos anos e que cuide par que não tenhamos problemas que nos impeçam de viver todas as décadas a que temos direito. Se algo interfere neste caminho trata-se de algo irracional e contrário ao nos mantermos vivos. O comportamento compulsivo, sexual ou não, interfere com a racionalidade e a manutenção de nossas vidas de modo satisfatório. A sensação de ingovernabilidade sobre a própria vida é um sinal importante de que não estamos agindo como adultos, mas como crianças que necessitam de guia e cuidados por parte de outras pessoas…
  12. Você já pensou que poderia fazer coisas na sua vida se não fosse tão guiada pela busca sexual e amorosa? Quando pensamos em nossa vida e percebemos que existem mais coisas a se fazer do que estamos cumprindo e isto se deve a gastarmos muito tempo com uma única atividade, significa que estamos fazendo algo compulsivamente… Os sonhos sobre tantas coisas em nossa vida são atormentados pela sensação de que se não buscarmos fazer sexo algo de ruim nos acontecerá… E assim deixamos de fazer coisas que poderiam ser maravilhosas e satisfatórias. É por situações assim que afirmamos que o comportamento sexual compulsivo é destrutivo.
Psic. Oswaldo M. Rodrigues Jr.

Vaginismo afeta até 6% das mulheres

Vaginismo provoca contração involuntária dos músculos e impede qualquer penetração.
Exercícios e psicoterapia ajudam paciente a retomar controle sobre o próprio corpo.

Reinaldo José Lopes
Do G1, em São Paulo

Cumplicidade entre casal é importante para resolver problema (Foto: Reprodução)

Entre 2% e 6% de todas as mulheres adultas são literalmente incapazes de consumar o ato sexual com seus parceiros. E as restrições que sofrem vão além20 disso: mal conseguem ser examinadas por um ginecologista ou mesmo tocar internamente sua genitália. A condição é conhecida como vaginismo — uma contração involuntária dos músculos que impede totalmente qualquer forma de penetração.

Na tentativa de esclarecer as dificuldades ligadas ao problema, os psicólogos e psicoterapeutas sexuais Fátima Protti e Oswaldo M. Rodrigues Jr. estão lançando o livro “Vaginismo, quem cala nem sempre consente” (Editora 24×7). “Queremos atingir dois públicos: as mulheres, que muitas vezes nem sabem definir o problema, e os profissionais de saúde, muitos dos quais aparentemente não estão preparados para lidar com ele”, declarou Rodrigues ao G1.

Segundo o psicólogo, que trabalha no Instituto Paulista de Sexualidade e é membro do conselho consultivo da Associação Mundial de Saúde Sexual, é comum que as pacientes visitem uma fieira de ginecologistas, sem encontrar tratamento adequado. “É o caso de uma paciente nossa, recém-casada. Ela e o marido se mantiveram virgens por motivos religiosos. Os ginecologistas se limitavam a aconselhar que ela passasse lubrificante, quando o problema não é lubrificação — aliás, até o marido dizia que ela tinha excesso de lubrificação, na verdade”, conta Rodrigues Jr.

Mitos derrubados

O problema tampouco tem a ver com falta de desejo sexual ou trauma relacionado a abusos, diz o psicólogo. “Apenas uma minoria muito pequena das mulheres com vaginismo sofreu abusos. E elas têm libido, conseguem atingir o orgasmo e gostam das brincadeiras sexuais que antecedem a penetração”, afirma ele. O mais provável, diz ele, é que alguma situação inconsciente esteja impedindo o relaxamento normal dos músculos que permite o intercurso sexual. Há também uma minoria de casos ligados a causas físicas, como infecções genitais.

“É uma falta de controle sobre o próprio corpo”, resume Rodrigues Jr. O problema é tão severo que nenhum objeto, nem mesmo um absorvente interno, é passível de ser introduzido em pacientes com vaginismo. Alguns casais podem conviver com a situação por anos, até o momento em que decidem ter filhos. “E, embora a porcentagem de mulheres afetadas seja pequena, o número absoluto é enorme.”

Para o especialista, a situação é agravada pela abordagem equivocada de alguns médicos, que podem tratar o problema como algo puramente físico. “Há os que sugerem que a paciente beba alguma coisa para relaxar, ou então até aplique analgésico na região vaginal. São estratégias que simplesmente não resolvem. E a culpa tende a ser atribuída à mulher, como se ela quisesse impedir que o marido fizesse sexo com ela”, conta.

Autoconsciência

Segundo Rodrigues Jr., no entanto, é possível acabar com o reflexo muscular que gera o vaginismo com quase 100% de sucesso. “Existem exercícios que levam a paciente a ter consciência de sua região pélvica e associar o relaxamento dela ao ato sexual. Não adianta simplesmente dizer à mulher que ela precisa relaxar”, ressalta. No entanto, o mais importante, de acordo com ele, é tratar o casal em conjunto por meio de psicoterapia, de maneira que ambos trabalhem para resolver o problema.

“É difícil dizer quanto tempo isso leva — alguns casais podem precisar de seis meses, outros de um ano”, diz o psicólogo.


Fonte: G1 – Ciência e Saúde – Notícias
Problema pouco conhecido torna até 6% das mulheres incapazes de fazer sexo

Psic. Oswaldo M. Rodrigues Jr.

Insatisfação Sexual do Brasileiro

Como se explica a insatisfação sexual do brasileiro se ele aparece entre os povos mais ativos sexualmente?

Somos orgulhosos de ser uma nação sexualizada. Crescemos com esse discurso, ouvindo a professora dizer que este País nasceu sendo habitado por ingênuos indígenas que andavam sem roupa o dia todo. E lembre que ela dizia isso com muito orgulho! Na Europa a América foi muito associada à ideia de paraíso. Basta lembrar que, há pouco tempo, uma pesquisa mostrou que os estrangeiros viam o Brasil como um dos lugares onde era mais fácil conseguir uma relação sexual. Para a população, contudo, a vida sexual é quase um medidor de status, algo usado para contar vantagem. Sendo assim, a quantidade passa a valer mais do que a qualidade, o que ajuda a explicar essa insatisfação. No meu consultório, atendo gente que sente vergonha até em comprar livros sobre o sexo para melhorar o desempenho. Quando vai folhear a obra, fica olhando para os lados para ver se há alguém por perto.

O Brasil tem maioria católica e a Igreja, por sua vez, condena todo sexo que não se destine à procriação. Isso explica as dificuldades em abordar o assunto?

São duas questões. Uma delas se refere à falta de educação para os componentes emocionais do sexo. O diretor da escola não quer meninas grávidas, nem alunos doentes. Mas pouca gente se dedica à educação emocional dos adolescentes. A pesquisa em questão mostrou que a satisfação sexual não está atrelada, por exemplo, à estética do parceiro. Falta afetividade. No posto de saúde, encontra-se camisinha, mas ninguém diz o que fazer para melhorar a vida sexual. A segunda questão envolve a saúde física. Necessárias discussões em torno da aids e DSTs fizeram com que o prazer a satisfação ficassem em segundo plano.

Psic. Oswaldo M. Rodrigues Jr.