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Dificuldades em Ejacular na Relação

Alguns homens chegam ao consultório com esta queixa. A dificuldade em um homem ejacular não é uma ocorrência muito comum. Lembremos que a ejaculação é fisicamente distinta do orgasmo. Homens que não conseguem ejacular podem ter ou não orgasmos. O orgasmo é a sensação de prazer que sentimos, e que nos homens está, geralmente, associado à ejaculação.

A ejaculação é o fenômeno físico de expulsão do esperma (espermatozoides e líquido seminal), necessário para a reprodução, diferente do orgasmo prazeroso que, fisicamente, ocorre no cérebro.

Devem ser perto de 0,5% a 1% dos homens que experienciam este problema de não ejacular numa relação sexual. Alguns vivem isto desde as primeiras tentativas de relacionamentos sexuais de penetração. Outros vivem este problema em algum momento de vida, muitas vezes associado a alguma passagem de vida especial.

Alguns homens desenvolvem este problema após os 50 anos, associado a outros problemas sexuais: inibições do desejo sexual e dificuldade erétil.

Não estamos nos referindo a homens que não conseguem ejacular após 1 ou 2 minutos de relação de penetração. O tempo para considerarmos que existe um problema tem que ultrapassar 30 ou 40 minutos de movimentos intravaginais. Os homens contam que se cansam fisicamente. Mas novamente, não é o fato de cansar-se após 5 ou 10 minutos de relação sexual.

Um fato muito importante será sabermos se a ejaculação existe na masturbação. A maioria dos homens que não tem ejaculação perceberá que ela ocorre quando estão sozinhos.

Para os homens que não tinham dificuldades em ejacular quando mais jovens, precisamos pensar se o processo de envelhecimento não está interferindo, pois outras condições podem ocorrer que facilitam a dificuldade de ejacular. Isto inclui o acúmulo de vivências difíceis de administrar e que produzem emoções e humor negativo. As frustrações do relacionamento conjugal e as dificuldades de expressividade emocional.

Algumas doenças físicas destroem os mecanismos neurológicos que produzem a ejaculação. Se um homem tem um diabetes não cuidado deverá desenvolver uma neuropatia e degeneração. Controlar esta situação, ser saudável, significa manter as taxas de glicose no sangue abaixo dos valores que determinam o diabetes, não adiantando manter as taxas estáveis, mas altas, como vários homens tentam explicar nessa hora. Outra condição comum acima dos 50 anos pode ser o uso de álcool diário (“para abrir o apetite”; “uma cervejinha no final da tarde”) que pode causar a mesma degeneração neurológica após 20 ou 25 anos de uso de álcool.

Mas poderemos saber de forma fácil se a falta de ejaculação decorre de degeneração neurológica devido a doenças físicas. Se o homem se autoerotizar, manipulando-se o pênis e obter uma ejaculação, então não existe uma doença que impeça a ejaculação no relacionamento coital.

Drogas e medicamentos?

Muitos medicamentos psiquiátricos podem causar a inibição ejaculatória (coital e na masturbação). Vários destes medicamentos tem sido tentados no “tratamento” do problema sexual oposto, a ejaculação precoce. A tentativa de tratamento foi pensada, desde a década de 1970, exatamente por psiquiatras observarem pacientes internados em hospitais psiquiátricos que demoravam para ejacular. Então, homens que são tratados por estes medicamentos podem ter a inibição ejaculatória medicamentosa, o que facilmente seria resolvido com mudança de medicação, por exemplo.

Mas existem condições bem mais comuns e que muitos homens vivem e passaram a considerar “normais”. Uma destas condições é o estresse. O estresse é um estado de mecanismo ansioso cronificado. Ao nos mantermos em ansiedade constantemente, seja por trabalho, seja por nos preocuparmos com ou sem razões, mantemos nosso corpo em determinadas condições físicas. Esta circunstância produz condições que atrapalham o desempenho sexual. Quando percebemos uma ansiedade de modo claro associado a um momento sexual, podemos compreender mais facilmente que a ansiedade causa problemas sexuais. Quando a ansiedade é crônica, e ainda auxilia a produtividade de trabalho, não associamos tão facilmente este estado de ansiedade com os problemas sexuais. Mas as condições físicas que atrapalham o sexo estão presentes, quer queiramos ou não.

Outro complicador da ansiedade crônica, estresse, para a vida sexual são as maneiras de se administrar estas condições: álcool, ansiolíticos, antidepressivos, excesso de comida, falta de atividades físicas e situações de descanso e lazer.

Outro fator é o homem se focar tanto em dar prazer à parceira que se esquece da própria satisfação. É comum, mas não normal.
Esta é uma compreensão que muitos homens e várias mulheres tem e vivem, independendo dos produtos: aumento de ansiedade e desvio da atenção do próprio prazer sexual. Quem pensa desta maneira compreende que é a forma correta de pensar e este pensar passa a ser uma regra que escraviza a ambos.

Dedicar atenção ao bem estar próprio sempre deve vir antes de poder dar prazer ao outro. Se assim não for, o organismo desviará a atenção e se preparará para cuidar e permanecer atento, e isto fisicamente se correlaciona a ansiedade, portanto, prejudicando o desempenho sexual.

A valorização do próprio prazer permite a mudança de crenças que atrapalham a vida sexual, impedem o desempenho sexual e diminuem o prazer sexual.

Provavelmente os homens que conseguem ejacular na masturbação fazem bom uso das fantasias sexuais, do uso do espaço mental para elaborar ideias, imagens mentais e contextos que facilitam a ejaculação com o aumento da excitação.
Muitas vezes este homem pode estar valorizando demasiadamente as fantasias no espaço mental produzindo expectativas irreais que no contato a dois não ocorrerá da mesma forma que na masturbação.

Em outros homens, a compreensão de que fantasiar é inadequado e que não deveria fazê-lo conduz a evitar fantasiar quando a dois e isto produz diminuição de estímulos e por conseguinte de excitação sexual.

O que a terapia sexual pode fazer por estes homens?

A psicoterapia tem três aspectos a serem considerados no tratamento de inibição ejaculatória:
– Desenvolvimento e recuperação de comportamentos sexuais;
– Re-significar regras e cognições que impedem o desempenho sexual;
– Auxiliar o casal a desenvolver rotinas sexualmente saudáveis para prevenção de outros problemas sexuais futuros.

Então, não conseguir ejacular nas relações sexuais tem cura, tem tratamento. E o tratamento não será medicamentoso, nem médico. Será a psicoterapia focalizada na sexualidade. Será um momento pessoal para modificar-se e melhorar enquanto pessoa.

Casais sem Sexo?

Existem casais que não fazem sexo… Muitas podem ser as razões. A frequência sexual coital depende de uma série de fatores que seguem regramentos que dirigem os relacionamentos e o mundo humano.

Primeiramente devemos considerar cada dos dois indivíduos envolvidos, depois o casal, e então fatores históricos e ambientais. Cada dos indivíduos tem próprias necessidades e formas de solucionar e administrar suas satisfações. A razão pela qual desejaram casar/formar casal será um ponto muito importante sobre quando a frequência coital irá diminuir.

Para as mulheres a razão ter filhos é um forte determinante: casar para ter filhos; teve os filhos desejados: não será mais necessário ter sexo! Para os homens o casamento pode ser um fator de segurança, e uma vez casado: o sexo pode ser procurado em outras pessoas (isto serve para heterossexuais e bissexuais). Estas razões não precisam ser conscientes, percebidas pelos indivíduos, podem ser regras absorvidas/criadas desde infância e que se realizam na vida adulta sem reconhecimento de serem sujeitos da ação. Formas individuais psicopatológicas também intervêm: ansiedade e depressão são as principais que atuam sobre a frequência sexual trazendo disfunções e inibições do desejo sexual.

O casal é outro fator de importância que determina como o sexo existirá a partir do estabelecimento das regras do casal. Como o casal estabelece que deve se relacionar e o papel do sexo no espaço conjugal. Isto é feito de maneira involuntária desde o momento que ambos se conhecem, negociando como devem agir de acordo com expectativas de ambos. Estas formas tendem a se cristalizar como maneira de garantir o relacionamento. Algumas destas regras podem incluir implicitamente que o sexo deve ser garantido na fase de sedução mas não ser necessário depois de algum tempo de relacionamento, por exemplo. E como estes acordos são feitos de forma tácita, nenhum dos dois reconhece que produziria esta diminuição de frequência coital.

Alguns fatores comuns ao longo da vida dos casais produz fases de diminuição coital que pode se estender. Um dos mais comuns é o nascimento de filhos. No puerpério a necessidade de atenção ao nascituro por parte da mãe, em especial com amamentação, deriva a atenção e as energias, diminuindo a disponibilidade emocional e física, em especial por parte da mulher. Porém, o que deveria durar um par de meses pode se estender quando o casal não tem habilidades para superar o interregno de diminuição coital. E devemos lembrar que esta condição pode se reproduzir outras vezes tantas quantos filhos o casal pretende ter.

Momentos de doenças crônicas de um dos cônjuges é claramente determinante de diminuição coital e se os papéis deles saírem de amantes para cuidadores, o desejo sexual estará fadado à diminuição, embora o laço afetivo positivo continue.

Alguns casais são assexuados, ou seja, não tem necessidades de relacionamentos sexuais,. Isto pode ocorrer num período de vida e não ser assim noutra fase da história do casal.

Muitos se preocupam com a rotina. A rotina em si não é um inibidor do desejo sexual.

Nossa cultura tem criado este mito como uma forma de justificar o que não se compreende.

Para a maioria das pessoas o conhecido é sempre desejável, não o contrário.

A rotina é ruim para pessoas impulsivas e sem controle sobre as emoções.

O que faltou para que um casal tenha comportamentos estereotipados na cama foi o desenvolvimento de um padrão diferenciado entre os 15 e 20 anos de idade. Naquela fase é que se criam os padrões para o comportamento sexual que se vai utilizar por toda a vida. O padrão desenvolvido geralmente é de repertório pobre e restrito, fazendo o que as pessoas chamam de “rotina”, um comportamento previsível sem estímulos variados que auxiliem ao outro focar mais no momento sexual, auferindo mais prazer.

As pessoas transam mesmo por fatores subjetivos, internos a si mesmas e não por fatores externos a exemplo do relacionamento a inabilidade de administrar o estresse, seja advindo do trabalho ou dos filhos e outros problemas.

Para algumas pessoas e alguns casais existem fases com menor desejo sexual e com menor disponibilidade para a atividade sexual. Estas podem ser fases e podem durar semanas, meses ou anos e não ser exatamente patológico.

O problema é se esta fase ocorre apenas com um dos cônjuges, produzindo uma inadequação sexual do casal.

O relacionamento conjugal existe com outras funções além do sexo. Estas outras funções são mais básicas do que a atividade sexual não reprodutiva, ganhando maior evidência e sendo mais importantes do que o sexo ao longo dos anos do casamento.

Um casal que passe uma fase sem atividades sexuais precisa de alguma elaboração para que o sexo retorno. Cada qual saber o que quer e poder expressar verbalmente é o passo inicial. O segundo passo exige paciência e o retomar do namoro e das aproximações físicas sensuais e eróticas de modo vagaroso e sobreposto. Assim ambos administram os limites existentes, não entram em ansiedades e não se submetem a novas emoções negativas que postergariam mais o sexo.

Isto significa que num primeiro momento de nada adianta a ideia de ir às pressas para um sex shop e encher o carrinho de compras para fazerem de tudo no próximo fim de semana!

A possibilidade de fazer sexo depende dos dois desejarem e terem uma comunicação verbal clara e compreendida pelo outro, terem organização do cotidiano, do local que facilite a possibilidade de sexo, e terem um plano de vida que inclua o sexo como forma de relacionamento e comunicação emocional-afetiva do casal.

Vaginismo afeta até 6% das mulheres

Vaginismo provoca contração involuntária dos músculos e impede qualquer penetração.
Exercícios e psicoterapia ajudam paciente a retomar controle sobre o próprio corpo.

Reinaldo José Lopes
Do G1, em São Paulo

Cumplicidade entre casal é importante para resolver problema (Foto: Reprodução)

Entre 2% e 6% de todas as mulheres adultas são literalmente incapazes de consumar o ato sexual com seus parceiros. E as restrições que sofrem vão além20 disso: mal conseguem ser examinadas por um ginecologista ou mesmo tocar internamente sua genitália. A condição é conhecida como vaginismo — uma contração involuntária dos músculos que impede totalmente qualquer forma de penetração.

Na tentativa de esclarecer as dificuldades ligadas ao problema, os psicólogos e psicoterapeutas sexuais Fátima Protti e Oswaldo M. Rodrigues Jr. estão lançando o livro “Vaginismo, quem cala nem sempre consente” (Editora 24×7). “Queremos atingir dois públicos: as mulheres, que muitas vezes nem sabem definir o problema, e os profissionais de saúde, muitos dos quais aparentemente não estão preparados para lidar com ele”, declarou Rodrigues ao G1.

Segundo o psicólogo, que trabalha no Instituto Paulista de Sexualidade e é membro do conselho consultivo da Associação Mundial de Saúde Sexual, é comum que as pacientes visitem uma fieira de ginecologistas, sem encontrar tratamento adequado. “É o caso de uma paciente nossa, recém-casada. Ela e o marido se mantiveram virgens por motivos religiosos. Os ginecologistas se limitavam a aconselhar que ela passasse lubrificante, quando o problema não é lubrificação — aliás, até o marido dizia que ela tinha excesso de lubrificação, na verdade”, conta Rodrigues Jr.

Mitos derrubados

O problema tampouco tem a ver com falta de desejo sexual ou trauma relacionado a abusos, diz o psicólogo. “Apenas uma minoria muito pequena das mulheres com vaginismo sofreu abusos. E elas têm libido, conseguem atingir o orgasmo e gostam das brincadeiras sexuais que antecedem a penetração”, afirma ele. O mais provável, diz ele, é que alguma situação inconsciente esteja impedindo o relaxamento normal dos músculos que permite o intercurso sexual. Há também uma minoria de casos ligados a causas físicas, como infecções genitais.

“É uma falta de controle sobre o próprio corpo”, resume Rodrigues Jr. O problema é tão severo que nenhum objeto, nem mesmo um absorvente interno, é passível de ser introduzido em pacientes com vaginismo. Alguns casais podem conviver com a situação por anos, até o momento em que decidem ter filhos. “E, embora a porcentagem de mulheres afetadas seja pequena, o número absoluto é enorme.”

Para o especialista, a situação é agravada pela abordagem equivocada de alguns médicos, que podem tratar o problema como algo puramente físico. “Há os que sugerem que a paciente beba alguma coisa para relaxar, ou então até aplique analgésico na região vaginal. São estratégias que simplesmente não resolvem. E a culpa tende a ser atribuída à mulher, como se ela quisesse impedir que o marido fizesse sexo com ela”, conta.

Autoconsciência

Segundo Rodrigues Jr., no entanto, é possível acabar com o reflexo muscular que gera o vaginismo com quase 100% de sucesso. “Existem exercícios que levam a paciente a ter consciência de sua região pélvica e associar o relaxamento dela ao ato sexual. Não adianta simplesmente dizer à mulher que ela precisa relaxar”, ressalta. No entanto, o mais importante, de acordo com ele, é tratar o casal em conjunto por meio de psicoterapia, de maneira que ambos trabalhem para resolver o problema.

“É difícil dizer quanto tempo isso leva — alguns casais podem precisar de seis meses, outros de um ano”, diz o psicólogo.


Fonte: G1 – Ciência e Saúde – Notícias
Problema pouco conhecido torna até 6% das mulheres incapazes de fazer sexo