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Sexo Casual – Compreensões Psicológicas

Manter atividades sexuais sem associação afetiva, sem amor, sem um relacionamento pré-estabelecido e socialmente reconhecido, é uma discussão que sempre ocorre nas últimas décadas, sempre em defesa de amor e relacionamento socialmente aprovado. Mas esta forma de sexo ocorre, e provavelmente com mais frequência do que a maioria de nós compreende.

E como podemos compreender estes comportamentos a partir da Psicologia?

Existem alguns fatores que conduziram a estudos sobre o que sentem as pessoas a respeito da prática do sexo casual. Alguns fatores de interesse são: como os papéis tradicionais associados a gênero da pessoa, a aprovação do grupo de iguais, a percepção dos outros, assertividade sexual e as experiências afetivas influenciando o prazer sexual.

É necessário compreender que homens e mulheres reagem de modo diferente a estes fatores, fornecendo uma certa predição de comportamentos.

Homens e mulheres sexualmente assertivos são pessoas que buscam fazer sexo de modo a negociar seus desejos e administrar as negativas do mundo sem reagir de modo negativo. Pessoas assertivas tendem a ser mais claramente dirigidas pela busca do prazer sexual. Mas também demonstram as pesquisas que o prazer sexual se associa a afeto (!) . A pressão de amigos ou grupo determina mais homens a buscarem sexo casual e diminuem esta possibilidade para mulheres.

Nos meios universitários o sexo casual é mais associado ao uso de álcool e drogas, circunstâncias que trazem justificativas para o dia seguinte ser apresentadas a outras pessoas.

Mas também é verdadeiro que existem mais sintomas depressivos, e o óbvio de infidelidade nos encontros sexuais casuais. Os estados depressivos são mais comuns em mulheres do que em homens, e isto será mais verdadeiro em mulheres com um histórico desta prática. Aparentemente isto se dá pela expectativa de estabelecimento de um relacionamento afetivo com o parceiro sexual casual, mas também depende de repetições e do estilo de relacionamentos pelo parceiro e a existência de infidelidade.

Em nosso mundo globalizado ocidental temos discursos desenvolvidos e implementados de que existe uma igualdade de direitos entre homens e mulheres e que estas podem ter comportamentos sexuais semelhantes aos homens. Assim seria aceitável mulheres terem sexo casual, sem relacionamentos afetivos, que seria até desejável que as mulheres agissem assim. Mas estas mulheres ainda precisam desenvolver uma maneira de negociação dentro do duplo padrão moral ainda existente. Mulheres que se envolvem em sexo casual ainda mantém o conflito entre seus desejos e possibilidades e o mundo em que vivem com regras contrárias às que as conduzem às atividades sexuais. Cientistas sociais e comportamentais percebem três temas especiais sobre estas questões: (não) aceitação do sexo casual, a reputação sexual dada pelas outras mulheres, e o ser uma periguete. Estas mesmas mulheres que se envolvem em sexo casual também tratam as outras mulheres com estes mesmos parâmetros de dupla moral, ou seja, as julgam de modo negativo, mesmo quando elas façam e considerem-se no direito de terem estas atividades sexuais sem ligação afetiva. Isto também faz com que mulheres que busquem sexo casual não falem a respeito destas experiências, afinal, serão julgadas da forma que julgam outras.

Estes padrões morais determinam os comportamentos sexuais de mulheres heterossexuais, mesmo quando já apresentem um discurso de que isto não mais existe neste mundo social atual.

Isto nos mostra o quanto o bem-estar psicológico de uma mulher ainda é deteriorado pelas atividades sexuais casuais, mesmo muitos meses após uma experiência casual.

Além de relacionamentos sexuais casuais, incluindo os repetidos, ainda temos os que são chamados de “amigos com benefícios”, sexo de apenas uma noite. Estas formas apontam para grupos diferentes de intimidade sexual e afetiva. O sexo casual produz menos efeitos negativos do que o sexo sem compromissos com amigos. As condições emocionais negativas posteriores não ocorrem nos homens. O sexo com amigos, especialmente sob efeito de álcool e drogas afeta mais a saúde psicológica de mulheres.

Estudos mostram que 11% de jovens adultos tem sexo casual no último mês. Quando separamos entre homens e mulheres… homens são 18,6% e as mulheres apenas 7,4%. Estes jovens foram estudados para autoestima, satisfação com a vida, felicidade, ansiedade geral, ansiedade social e depressão. Os jovens que tiveram atividades sexuais casuais mostravam graus menores de autoestima, satisfação com a vida e felicidade se comparados aos que não tiveram estas atividades nos trinta dias anteriores. Eram mais ansiosos de modo geral e socialmente e com maiores graus de depressão.

Estudos de metanálise entre 1993 e 2007 mostraram diferenças de gênero na resposta a experiências sexuais casuais . Arrependimento tende a surgir quando o sexo ocorreu em menos de 24 horas de se ter conhecido a outra pessoa e as razões do arrependimento são diferentes para homens e mulheres. O arrependimento se associa a baixa satisfação com a vida, perda de autovalor, depressão e problemas físicos.

O número de parceiros sexuais do último mês associa-se a percepção de invulnerabilidade ao perigo e à procura de sensações . Estes dois fatores são conhecidos preditores de comportamentos de risco e não-convencionalidade, também associando-se a decisões impulsivas.
Os estudos desta área mostram que se a vivência de emoções positivas existirem ela se associam com a possibilidade de continuidade do relacionamento no futuro.

Mas se ocorrerem reações emocionais negativas depois do encontro sexual, teremos sintomas de depressão e sentimentos de solidão . Assim podemos dizer que a saúde mental empobrecida é uma reação aos sentimentos negativos associados com o sexo casual . Não temos pesquisas sobre não heterossexuais.

O sexo casual tem recebido atenção de pesquisadores apontando que a maior motivação é a gratificação sexual e as grandes preocupações são com enfermidades transmitidas sexualmente, em especial HIV.

Existe uma complexidade através da qual homens e mulheres discutem as experiências sexuais casuais, mostrando uma prática variada, contraditória e multifacetada, baseada num discurso contemporâneo do mundo ocidental e nas formas da heterossexualidade determinada por binaridade de gêneros.

O sexo casual deve ser considerado no contexto sociocultural e no contexto interpessoal. São estes contextos que preexistem e produzem um relacionamento sexual.

Compreender o sexo casual exige afastamento da própria moral pessoal, para poder ver os envolvidos e qual é a função destas experiências na vida de cada dos envolvidos. Aqui podemos deduzir consequências positivas ou negativas e como compõe a vida de cada um.

Dificuldades em Ejacular na Relação

Alguns homens chegam ao consultório com esta queixa. A dificuldade em um homem ejacular não é uma ocorrência muito comum. Lembremos que a ejaculação é fisicamente distinta do orgasmo. Homens que não conseguem ejacular podem ter ou não orgasmos. O orgasmo é a sensação de prazer que sentimos, e que nos homens está, geralmente, associado à ejaculação.

A ejaculação é o fenômeno físico de expulsão do esperma (espermatozoides e líquido seminal), necessário para a reprodução, diferente do orgasmo prazeroso que, fisicamente, ocorre no cérebro.

Devem ser perto de 0,5% a 1% dos homens que experienciam este problema de não ejacular numa relação sexual. Alguns vivem isto desde as primeiras tentativas de relacionamentos sexuais de penetração. Outros vivem este problema em algum momento de vida, muitas vezes associado a alguma passagem de vida especial.

Alguns homens desenvolvem este problema após os 50 anos, associado a outros problemas sexuais: inibições do desejo sexual e dificuldade erétil.

Não estamos nos referindo a homens que não conseguem ejacular após 1 ou 2 minutos de relação de penetração. O tempo para considerarmos que existe um problema tem que ultrapassar 30 ou 40 minutos de movimentos intravaginais. Os homens contam que se cansam fisicamente. Mas novamente, não é o fato de cansar-se após 5 ou 10 minutos de relação sexual.

Um fato muito importante será sabermos se a ejaculação existe na masturbação. A maioria dos homens que não tem ejaculação perceberá que ela ocorre quando estão sozinhos.

Para os homens que não tinham dificuldades em ejacular quando mais jovens, precisamos pensar se o processo de envelhecimento não está interferindo, pois outras condições podem ocorrer que facilitam a dificuldade de ejacular. Isto inclui o acúmulo de vivências difíceis de administrar e que produzem emoções e humor negativo. As frustrações do relacionamento conjugal e as dificuldades de expressividade emocional.

Algumas doenças físicas destroem os mecanismos neurológicos que produzem a ejaculação. Se um homem tem um diabetes não cuidado deverá desenvolver uma neuropatia e degeneração. Controlar esta situação, ser saudável, significa manter as taxas de glicose no sangue abaixo dos valores que determinam o diabetes, não adiantando manter as taxas estáveis, mas altas, como vários homens tentam explicar nessa hora. Outra condição comum acima dos 50 anos pode ser o uso de álcool diário (“para abrir o apetite”; “uma cervejinha no final da tarde”) que pode causar a mesma degeneração neurológica após 20 ou 25 anos de uso de álcool.

Mas poderemos saber de forma fácil se a falta de ejaculação decorre de degeneração neurológica devido a doenças físicas. Se o homem se autoerotizar, manipulando-se o pênis e obter uma ejaculação, então não existe uma doença que impeça a ejaculação no relacionamento coital.

Drogas e medicamentos?

Muitos medicamentos psiquiátricos podem causar a inibição ejaculatória (coital e na masturbação). Vários destes medicamentos tem sido tentados no “tratamento” do problema sexual oposto, a ejaculação precoce. A tentativa de tratamento foi pensada, desde a década de 1970, exatamente por psiquiatras observarem pacientes internados em hospitais psiquiátricos que demoravam para ejacular. Então, homens que são tratados por estes medicamentos podem ter a inibição ejaculatória medicamentosa, o que facilmente seria resolvido com mudança de medicação, por exemplo.

Mas existem condições bem mais comuns e que muitos homens vivem e passaram a considerar “normais”. Uma destas condições é o estresse. O estresse é um estado de mecanismo ansioso cronificado. Ao nos mantermos em ansiedade constantemente, seja por trabalho, seja por nos preocuparmos com ou sem razões, mantemos nosso corpo em determinadas condições físicas. Esta circunstância produz condições que atrapalham o desempenho sexual. Quando percebemos uma ansiedade de modo claro associado a um momento sexual, podemos compreender mais facilmente que a ansiedade causa problemas sexuais. Quando a ansiedade é crônica, e ainda auxilia a produtividade de trabalho, não associamos tão facilmente este estado de ansiedade com os problemas sexuais. Mas as condições físicas que atrapalham o sexo estão presentes, quer queiramos ou não.

Outro complicador da ansiedade crônica, estresse, para a vida sexual são as maneiras de se administrar estas condições: álcool, ansiolíticos, antidepressivos, excesso de comida, falta de atividades físicas e situações de descanso e lazer.

Outro fator é o homem se focar tanto em dar prazer à parceira que se esquece da própria satisfação. É comum, mas não normal.
Esta é uma compreensão que muitos homens e várias mulheres tem e vivem, independendo dos produtos: aumento de ansiedade e desvio da atenção do próprio prazer sexual. Quem pensa desta maneira compreende que é a forma correta de pensar e este pensar passa a ser uma regra que escraviza a ambos.

Dedicar atenção ao bem estar próprio sempre deve vir antes de poder dar prazer ao outro. Se assim não for, o organismo desviará a atenção e se preparará para cuidar e permanecer atento, e isto fisicamente se correlaciona a ansiedade, portanto, prejudicando o desempenho sexual.

A valorização do próprio prazer permite a mudança de crenças que atrapalham a vida sexual, impedem o desempenho sexual e diminuem o prazer sexual.

Provavelmente os homens que conseguem ejacular na masturbação fazem bom uso das fantasias sexuais, do uso do espaço mental para elaborar ideias, imagens mentais e contextos que facilitam a ejaculação com o aumento da excitação.
Muitas vezes este homem pode estar valorizando demasiadamente as fantasias no espaço mental produzindo expectativas irreais que no contato a dois não ocorrerá da mesma forma que na masturbação.

Em outros homens, a compreensão de que fantasiar é inadequado e que não deveria fazê-lo conduz a evitar fantasiar quando a dois e isto produz diminuição de estímulos e por conseguinte de excitação sexual.

O que a terapia sexual pode fazer por estes homens?

A psicoterapia tem três aspectos a serem considerados no tratamento de inibição ejaculatória:
– Desenvolvimento e recuperação de comportamentos sexuais;
– Re-significar regras e cognições que impedem o desempenho sexual;
– Auxiliar o casal a desenvolver rotinas sexualmente saudáveis para prevenção de outros problemas sexuais futuros.

Então, não conseguir ejacular nas relações sexuais tem cura, tem tratamento. E o tratamento não será medicamentoso, nem médico. Será a psicoterapia focalizada na sexualidade. Será um momento pessoal para modificar-se e melhorar enquanto pessoa.

Falta do Desejo Sexual Masculino

O desejo sexual é um mecanismo complexo que depende de bem estar físico (mais do que saúde física), relacionamento e inserção social, pensamentos e processos mentais coerentes, comportamentos relacionados com a possibilidade de envolvimento sexual.

Se alguma destas coisas está falha pode haver diminuição do desejo sexual masculino.

A dificuldade em administrar as bases físicas, sociais e psicológicas produz e mantém a baixa de desejo sexual. Isto significa que mesmo que existissem os problemas, o mais importante será como solucionar, resolver estes problemas que produzem a baixa de desejo sexual.

Esta dificuldade em administrar os problemas é exclusivamente psicológica.

O mundo onde vivemos tem as alternativas e soluções para os outros problemas. Quando não conseguimos usá-los temos um comportamento neurótico. Nós estamos impedindo a nós mesmos de chegar ao que pretendemos. Se um problema orgânico, uma doença, a exemplo das crônicas, produz baixa de desejo sexual, o que este homem precisa fazer é aprender a lidar com a doença e voltar a ter desejo. Se existe uma dificuldade no casamento, o que este homem precisa fazer é resolver o problema do casamento, se não o consegue será o grande responsável pelo problema. Todas estas circunstâncias tem como serem solucionadas através de meios sociais: tratamentos psicológicos para o casal, médicos para as doenças…

Muitos homens confundem impotência sexual, disfunção erétil e baixa de desejo sexual.

A disfunção erétil é o nome usado para o que se chamava de impotência sexual até a década de 1970 entre os psicólogos e 1990 entre os médicos. A disfunção erétil é a dificuldade ou incapacidade de obter e ou manter ereções penianas rígidas que permitam penetração. A dificuldade erétil pode ser produzida pela diminuição do desejo sexual.

A falta de desejo implica em não sentir emoções que motivem o homem para buscar contatos sexuais interpessoais. Muita gente usa a palavra libido para significar desejo sexual, embora originalmente a palavra implicasse a energia geral de vida, incluindo a sexual e reprodutiva. Atualmente prefere-se usar a expressão desejo sexual.

A baixa de motivação para os comportamentos sexuais pode diminuir o bem estar e atingir este homem de modo negativo produzindo a auto-estima rebaixada. Mas existem homens que não entram em dissonância quando tem diminuição do desejo; existem homens que não tem desejo de sexo e não estão com problemas. Da mesma forma que existem homens heterossexuais, homossexuais, bissexuais, que preferem sapatos ou receber dor, existem homens que tem a orientação sexual chamada de assexual, ou seja, que não precisa de atividades sexuais, sentindo-se pleno. Nestas condições o homem não terá um rebaixamento da auto-estima. Mas se este homem estiver casado com uma pessoa que necessita de sexo… haverá problema e poderá sentir-se mal consigo mesmo.

Nestas condições de diminuição do desejo sexual ou de assexuados que interagem com pessoas sexuadas o melhor será procurar tratamento psicológico especializado.

A parceira (namorada ou esposa) pode querer saber o que ocorre e explicar um problema que não conhece é bastante difícil. Mas existe algo que este homem pode fazer: contar o que sente será o primeiro passo. Não precisa tentar explicar algo que não sabe. O segundo passo será dialogar com a parceira sobre o que ambos pretendem, desejam de futuro. Assim este homem terá apoio para buscarem ajuda profissional correta que o tirará do problema.

Historicamente as pessoas procuraram afrodisíacos, comidas e substâncias que produzissem relacionamentos sexuais. As poções mágicas do amor são referidas na história humana há milênios sendo responsáveis pelos encontros sexuais e amorosos. A busca de algo externo que seja responsável pelo desejo sexual é o mais comum ainda em nossa cultura. Médicos ainda acreditam que haverá um remédio que tomado solucionará a falta de desejo sexual. Embora a procura seja antiga, não encontraram nada similar que realmente produzisse o desejo. Álcool e hormônios tem sido tentados… sem resultados satisfatórios.

O desejo sexual exige que a pessoa se desenvolva na direção das atividades sexuais. Exige ação, exige que tenha intenção em mudar.

Querendo mudar, será necessário seguir um método que auxilie a mudança. Psicólogos que se dedicam a questões da sexualidade estão capacitados a aplicar os métodos necessários para desenvolver o desejo sexual, auxiliando a modificar os componentes psicológicos que impediram este homem a solucionar a baixa de desejo sexual. Estes psicólogos são mais conhecidos como terapeutas sexuais ou psicoterapeutas sexuais.